Complicações do Tromboembolismo venoso pela COVID-19: o que sabemos até agora?

Tromboembolismo venoso (TEV), uma doença cardiovascular frequente, pode ser resultado de uma complicação respiratória em pacientes hospitalizados, sendo uma das sequelas conhecidas da doença por coronavírus (COVID-19) e umas das causas preveníveis de mortalidade. Pacientes hospitalizados com COVID-19 são frequentemente idosos, imóveis e mostram sinais de coagulopatia, favorecendo a ocorrência de TEV, cuja incidência é estimada em cerca de 25% dos pacientes em unidade de terapia intensiva para COVID-19, mesmo sob tratamento anticoagulante em doses profiláticas. Apesar da relação de consequência entre as doenças, o diagnóstico de TEV demonstra ser um desafio, uma vez que, durante o período prolongado de tempo no hospital, sinais, sintomas e testes laboratoriais apontando para TEV podem ser mascarados e atribuídos a COVID-19 ou outras complicações que ocorrem na hospitalização complexa. Uma vez diagnosticado, o
tratamento mais uma vez aparece como uma dificuldade: para TEV utiliza-se anticoagulantes, que podem causar instabilidade hemodinâmica em pacientes com COVID-19. Compreender o verdadeiro impacto de TEV em pacientes com COVID-19 irá potencialmente melhorar nossa capacidade de chegar a um diagnóstico oportuno e iniciar o tratamento adequado, reduzindo o risco para esta população suscetível durante uma doença complicada, além de potencialmente prevenir e tratar mais precocemente uma série de consequências dessa enfermidade.

Comentário dos Professores

O impacto global da atual pandemia do SARS-COV-2 tem motivado a publicação de um grande número de artigos científicos que buscam a identificação dos mecanismos fisiopatológicos da doença e possíveis pontos de intervenção terapêutica. A maior incidência de fenômenos trombóticos nesses pacientes tem sido evidenciada como um fator de pior prognóstico e consequente aumento de morbimortalidade Até o presente momento ainda não concluímos as etapas de pesquisas para obtenção de vacinas e também não obtivemos a validação de uma terapêutica antiviral de eficácia comprovada fato que reforça a necessidade de trabalharmos prioritariamente com a prevenção das complicações e manejo das condutas de suporte. Esse é um artigo de revisão dos conhecimentos atuais sobre a maior ocorrência de tromboembolismo venoso em pacientes hospitalizados com a COVID-19 e nos reforça a necessidade de nos mantermos sempre atentos aos sinais indicativos dessa complicação.

Dra. Eni Pereira Berci PinhoMédica Reumatologista, Docente da área de Clínica Médica da PUCCAMP