Covid-19 em crianças e jovens

Crianças e adolescentes são menos suscetíveis à infecção pelo COVID-19: menor expressão dos receptores ACE2 e baixa resposta imune adaptativa podem explicar o reduzido número de doenças sintomáticas. Mas certamente há outros fatores ainda não identificados. Entender os mecanismos de transmissão e agravo da doença nas crianças é fundamental para: i) melhor compreender a Síndrome Inflamatória Multissistêmica em crianças (MIS-C) que assemelha-se à doença de Kawasaki e ao seu potencial de gravidade; ii) entender as consequências a longo prazo que a infecção possa acarretar; iii) ponderar os riscos e benefícios da vacinação de crianças e adolescentes com as vacinas contra SARS-CoV-2 que vêm sendo desenvolvidas; iv) entender o papel das crianças, principalmente as assintomáticas, na transmissão da doença para discutir a reabertura de escolas. A carga viral nas crianças é mais baixa? A transmissão viral pode ocorrer em crianças assintomáticas? Estudos conduzidos no mundo todo buscam essas respostas. Sabe-se, porém, que o fechamento de escolas e a perda de outras formas de proteção das crianças provocou inúmeros prejuízos indiretos, como o ressurgimento de doenças evitáveis pela má adesão às campanhas vacinais estabelecidas, maior taxa de lesões domiciliares (acidentes domésticos etc), importante comprometimento da saúde mental, com aumento da taxa de suicídios além do déficit no ensino comprometendo a qualificação de uma geração. Provavelmente haverá futuras tentativas para fechamento de escolas, em decorrência de novas ondas de contaminação, mas não há evidências de que essa medida seja efetiva no controle do número de casos sintomáticos de COVID-19. Em abril e maio de 2020 a reabertura das escolas em vários países europeus não demonstrou impacto na transmissão de Sars-Cov-2 na comunidade. Portanto, o fechamento das escolas deve ser questionado frente aos inúmeros danos (diretos no aprendizado) e indiretos, que essa medida pode ocasionar às crianças. Sem, contudo, conforme demonstram estudos recentes, reduzir a transmissão desse vírus na comunidade.

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Comentário dos Professores

A criança em época de Pandemia pelo Sars Cov 2.

A pediatria objetiva: prevenir doenças na infância garantindo longevidade saudável às pessoas. A imposição que a Covid19 estabeleceu desde março/2020 nos manteve em isolamento e distanciamento social. E, em situações de convivência necessária, o uso de máscaras como dificultador de transmissão viral foi obrigatória. O resultado disto foi uma incidência baixíssima de crianças internadas ou em consultas médicas regulares ou em serviços de emergência por outras infecções de transmissão aérea. Fato este que também protegeu as crianças de contaminações pela Covid19.

E os estudos científicos mundiais apontam que por várias situações, conhecidas e outras ainda em estudo, a taxa de transmissão da Covid19 pelas crianças é baixa. E seu adoecimento com gravidade (SIM-C) também. O que não invalida que elas precisam que seus responsáveis mantenham os cuidados sanitários recomendados para garantir a mútua proteção. E que todas as vacinas do calendário oficial devem ser rigorosamente realizadas evitando-se surtos de doenças já previamente controladas.

E a escola diante disso tudo?  Não há apenas o prejuízo no conteúdo acadêmico. Existem consequências indiretas imensuráveis. A escola sendo item essencial o retorno deve ocorrer com segurança de protocolos e educação continuada sobre regras sanitárias protetivas à saúde. Para sucesso nessa empreitada conta-se com a colaboração da sociedade para diminuir a transmissão viral e não aumentar a incidência de óbitos por Covid19 em nossas crianças.

Profa. Maria de FátimaMédica Pediatra. Com Formação Acadêmica pela Puccamp em 1985. Especialista e Coordenadora do Ambulatório de Tuberculose Infantil do Hospital PUC Campinas há 25 anos. Professora das Faculdades de Medicina e de Terapia Ocupacional da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Professora de Pediatria na Residência Médica do Hospital PUC Campinas.